O Cansaço Nas Viagens
Há momentos inesquecíveis de viagem. Não, não estou a referir-me ao pôr-do-sol nas Phi Phi e também não estou a contar aquela vez em que o Daniel Craig, 007, estava a menos de dois metros de mim. Nada disso.
Certos momentos inesquecíveis ficam presos na nossa memória pelo cansaço extremo. Estamos tão cansados que parece que a cabeça foi deslocada dos ombros e está a levitar uns centimetros acima. A realidade torna-se um pouco dífusa e as cores, os sons e o tacto torna-se mais intenso.
Já cheguei a estar tão cansado que olhar para uma parede me parecia um entretem consideravel. Já estive tão cansado que não consegui dormir. Já estive tão cansado, e com algumas tequillas em cima, que desmaiei num avião.
Estar de viagem e não estar cansado é quase uma contradição. Andar pelas cidades. Aquele copo mais tardio que não conseguimos recusar. As intermináveis horas de viagem, o jet lag e a falta de horas de sono em cima.
Quando se está cansado à séria cometem-se erros estúpidos. Quando abri a cabeça no caixilho de uma janela em Montenegro foi o resultado de uma noite sem dormir e mais de 24 horas de viagem em cima.
Ter chegado a Banguecoque e não saber onde ficava o hotel e não ter qualquer mapa comigo, foi o resultado de ter chegado a um país do outro lado do mundo com umas 40 horas seguidas sem pregar olho.
Ter pensado que tinha deixado a mala numa qualquer estação de serviço do Alabama e que estava condenado a passar os restantes 2 meses só com a roupa que tinha no corpo foi a consquência de estar a conduzir para cima de 17 horas.
Custa, na altura custa, mas é memorável.
Hoje sinto-me igualmente cansado, mas é banal, é mundano, não me irei lembrar do dia de hoje…
João Fernandes
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